sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Sobre Origens

Nunca fui a menina exemplar; nunca deixei mamãe escovar meu cabelo e desprezava o moletom colorido que ganhei no Natal! Odiava a menina fresca da minha turma, mergulhava-lhe as madeixas na tinta e achava a coisa mais divertida do mundo. Nunca estudei como deveria; nem ensinei quem não sabia, eu era melhor e ensinar seria desperdiçar meu tempo. Jogava futebol e queria ter um pinto para brincar de quem mijava mais longe, não ter foi minha maior frustração. Odiava tomar banho, usava todos os band-aids da casa em uma semana e sempre tirava as casquinhas do machucado para chupar o sangue. Meus hematomas eram o meu orgulho, quase uma conquista: era algo na minha pele que gritava "Sou Foda", os exibia como um prêmio para quem quer que me perguntasse o que aconteceu. Briguei para jogar Bomber Man primeiro, trinquei a canela do meu amigo por um chingamento... Lutei com o maior sorriso do mundo estampado na cara, nunca soube descrever o prazer da luta... Nem de ver os meninos todos correndo com medo de mim. Eu era um deles, as vezes mais macho que muitos. Era a decepção da mamãe, por não gostar de vestir as roupas que ela me comprava... Mas era o orgulho do vovô por ser inteligente e me interessar pela história da nossa família. Quis ser o filho que meu pai não teve e morei na casa do vizinho, chamava-o de irmão. Dentre todas fui sempre a mais precoce e assustava todas as amiguinhas, nunca me dei bem com as meninas.
Eu sirvo pra alguma coisa, pra dar mal exemplo.
No fundo mesmo, eu me orgulho de tudo isso.
Saudade

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sobre mim? Sou feita de dúvidas: as empilho cuidadosamente uma a uma nesse meu peito já pesado e as mimo - me são infinitamente preciosas. Nessa minha fortaleza me escondo, por de trás de mil e uma incertezas e as amo... É através delas que rabisco esse mundo com a minha presença. É o meu duvidar que aviva a minha chama de esperança. A certeza me deprime, me arranca da alma um pedaço. A dúvida me excita, me guia, me faz ir atrás da verdade. Ocasionalmente, eu gosto de pensar que talvez nem mesmo eu exista. Quem sou eu para discordar?
Emoção. É o que mantém-me viva. É para ela que vivo! Salvos sejam os sentimentos! Desde o pesar mais escroto, até mesmo a felicidade mais absurda! Intensifico! Dramatizo, faço pose de heroína e faço cair por terra qualquer um que me contrarie! Pois é pelo arder no peito é que vivo, seja de dor, seja de amor! Eu preciso sentir! Que se mandem as mal-comidas e os borocoxôs, me tragam emoção! Um pouquinho de vida, por favor.
Defensora de minha opiniões, hedonista! Eternamente fiél para com minhas vontades e prazeres, porém covarde. Covarde por ter medo da vida e do mundo como é. Por olhar em volta e ver depravação, a escória. Me orgulho por enxergar... Mas é aquela velha máxima: "Ignorância é felicidade". Já quis desistir de mim, mas eu vejo que nada nesse mundo é mais importante do que sou e do que guardo aqui dentro. Chame de egoísmo, do que quiser... Mas não me conceitue, me faça o favor de não querer me rotular, que Ana Vitória Cabral Infante da Câmara Teixeira só há uma. Esta sou eu.
E se meu futuro exigir alguma cor, eu o pintarei de preto.
What if i was gone tomorrow? how would it be like?
Would my friends still see my face while they're sleeping
As my world fades to grey?
Sometimes I feel like watching days
Passing by as i try not to breathe, not to bleed again

No more pain, enough tears let's
Paint it black i'm sick of what i am
Hopeless dreams I try to reach
Seem so far, i am so weak

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Ah, e o sorriso mais gostoso desse mundo pousou sobre mim! E que olhar! Esses olhos já cansados, languidos me encontram... serena, de guarda-baixa. Eu me permito!
Amei -o lépida, com vontade... Senti o percorrer de suas mãos quentes sobre meu corpo, ávidas! Percorri toda uma vida atrás de meus olhos, até chegar nesse momento: único, real... Por quantas noites já não passei febril, implorando por um momento de pleno prazer e felicidade?
Heis que me encontrei! Lânguida, deito entre os braços daquele que me despertou a vida, o cansaço não me impede de fitar aquele rosto angelical, de expressão que possua um efeito avassalador sobre mim... Um sorriso, o mais belo do mundo! Me deliciei por eternos segundos fitando-o, mesmo que de soslaio!
Apenas sorri em retorno, mas quis desistir de tudo para poder abraçar-me a tua vida e aos teus planos, fazer parte da tua perfeição onde noites como esta seriam meu eterno jubilo... Minha razão de viver.

domingo, 1 de agosto de 2010

(01/08/2010)Por detrás de meus olhos eu desenho teu rosto, teu olhar cansado, puro, sereno... Me envolvendo e me tornando criança, destemida e sobretudo segura! Eu me perdi dentro deles... Te juro meu amor, estou perdida!
Sinto o peso dos seu olhar sobre meu corpo, sôfrego... Delirando docemente me vejo novamente ao teu lado, não perco nenhum detalhe! Tuas mãos ávidas percorrem meu corpo e eu me deixo envolver, não resisto... Preciso do teu calor, me entorpecer do teu cheiro!
Quero gritar bem alto tudo que mais quero desta vida! Vomitar meus pulmões, vociferando claramente todas as minhas angústias! Estou farta de desventuras, me afoguei em lágrimas...

Sonhos! Ah, que são eles?!

Quem sou eu para tê-los?!

Que mereço eu desta vida, senão o caminhar desalentado?

Não há esperança, nem mesmo um só desejo tangível... Sonhos! E que gosto têm?
Ah, queria eu poder sonhar! Queria poder permitir-me esse luxo, esse inocente enganar!

Sinto a alma diminuir, calma, silenciosamente... Que queres de mim? Maldita... Te alimento não só de tristeza, mas também de voluptuosidade! De vontade! Desejos! Dê-me tempo! Hei de me curar! Hei de juntar-me os pedaços e sonhar! - Oh! Como os quero, como morreria por uma noite deliciosa, repleta de fantasia!

Destinada eternamente a tristeza e a viver no lodo desse mundo... Onde a dor é tão real que ao caminhar, sinto-me sangrar, pulsando e anseando pela morte... Descanso! Um sono eterno, mais uma noite infinita, sem meu tão desejado sonhar!